terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"
O senhor escute meu coração, pegue no meu pulso. O senhor avista meus cabelos brancos... Viver - não é? - é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.
"




Riobaldo
JGR

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


a pati
que fez 26 anos no dia 25

domingo, 28 de dezembro de 2008

em última instância prefiro acreditar em gente
na essência humana
enquanto nos mantemos gente conseguimos fugir de taurinos e virginianos
de coisas de homem ou coisas de mulher
gente
não rótulo
enquanto nos mantemos gente somos capazes de decidir
de temer
de escolher

- - -

eu quero ficar com um olho aberto outro fechado
um pra te imaginar outro pra ver que você não está aqui


- - -

que eu faço com isso aqui dentro

acho que o nome é angústia
alterno entre a alegria e a tristeza
mais rápido do que se pode imaginar
quando você vem na minha memória com todas as suas coisas bonitinhas
seu jeito de me olhar
me encho das melhores coisas que já senti
minha perna treme

mas às vezes eu lembro que você
é como aquele que parte
aquela parte que já não estará

vontade de fechar os olhos
e dormir
dormir
dormir

nos sonhos você vem
eu fico um tempo sem saber se é real
e como com você eu fico sempre sem saber o que é real
a sensação é muito parecida

ontem quando fui dormir
você continuava ali no meu abraço
seu sorriso lindo
e depois
como o gato da alice
foi sumindo
indo
indo

queria ativar o teletransporte
e estar agora bem longe daqui
enchendo meus olhos de lugares
que é pra ver se preencho o espaço
esse espaço todo aqui dentro
que eu guardei pra você

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

lembro da frase da frida kahlo escrita na parede da sala na casa da vilinha
lembro da vilinha
e dos sonhos que eu dividia
de uma casinha
uma rede na varanda
plantinhas

lembro que a ausência era uma coisa dolorida
e achei mesmo que nunca conseguiria dizer adeus
por muito tempo eu achei

agora tenho uma dor grande aqui
tão minha
só minha
não sei como fazer pra tirar isso de mim
não é possível que esse mundo exista de verdade
que essas coisas sobre as quais eu penso aconteçam mesmo
não é possível que tudo esteja tão distante como agora parece

.. uma dessas viagens que tenho desde criança ..

como saber



- - -


"Pies...para que los quiero si tengo alas pa`volar"

FK

domingo, 21 de dezembro de 2008

.
.
ainda bem que existe música
e gente de papel
.
.
.




delicious

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

.
.
.

.. es imposible llegar a tar ..

. .
. .
. .

quando ela disse que não iam mais ficar juntos
e ele disse que ela tinha razão
ela pensou que nunca antes desejara tanto não ter razão alguma
depois viu o carro partir levando seu amor feinho*
tão lindo
tão frágil
quando ela o viu chorando quis pegá-lo no colo
e não deixar que ele fosse embora
chora como um bichinho
uma criança sentida
baixinho
cada vez que lembra daqueles olhos
os cílios úmidos
sente o peito apertar e pensa que está tudo errado
tenta planejar uma forma de raptá-lo
depois fica irritada
seus mil argumentos que explicam porque está tudo errado
não conduzem ao desfecho ideal



. .
. .
. .




hoje só podia amanhecer chovendo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

fico buscando palavras
mudo de humor mil vezes por dia
não encontro maneira de expressar o que sinto
e fico pior
daí percebo que não sei o que sinto

será que somos sem juízo
quem me pergunta isso é alguém de quase cem anos
que ainda passa pela casa do amor platônico
só pra ver se ele está por ali
chegando ou saindo
só pra tê-lo nos olhos por um instante

uma carta guardada pergunta se vale a pena
tanto amor
com tanto sofrer
pergunta sem resposta
que continua lá guardada
há mais de cinquenta anos
ou cem

percebo mais uma vez que tudo se resume em uma imensa espiral
e me canso

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

sensível e apaixonada
foi minha mãe quem disse isso de mim
será que ela tem razão

não sei

a capa da folha de hoje me deixou arrasada
quase chorei durante o trabalho por causa daquele sangue espalhado e um par de sandálias abandonadas ali
uma cena de filme trash
pena que não era filme

dá uma coisa estranha aqui dentro
odeio quando dizem que nossos tempos são piores do que antigamente
ouço isso desde criança
e cada vez mais tenho certeza de que visto de longe os problemas são menores
ou seja que é o tempo que minimiza a dor
e colore as saudades

eu tenho saudades demais aqui dentro
me sinto velha com tanta coisa que carrego
e ainda assim acho que meu tempo é esse aqui
sem melhor nem pior

com gente
todo tipo de gente
como sempre existiu

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

domingo, 23 de novembro de 2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

adoro te ouvir

sim
foi isso que ela disse
porque o êxtase lhe chega até mesmo pelos ouvidos


é coisa mágica
dois seres que se encaixam com perfeição


ela gosta de pensar assim
ela faz batatas com casca temperadas com alecrim
e imagina dividir com ele
de hashi
porque quando está sozinha só come assim


ela quer dividir todas as coisinhas com ele


às vezes divide até a ânsia que tem de saber o que se passa na cabeça dele
e pergunta coisas talvez absurdas
tão boa a primeira vez que ele disse que a amava
acho que ela viciou
e por isso pergunta
coisa absurda


tem horas que ele parece assustado
e ela fica com medo
tanta coisa que acontece
tanta coisa que se passa na cabeça de alguém


ela espera
queria uma carta
outro dia alguém cantou quase na janela dela
:
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
;
quase caiu da cama
mas afinal não era pra ela

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"
... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
"









Clarice Lispector

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Insônia com o I bem grande
tenho que acordar daqui a pouco
mas nem ao menos consigo dormir

o telefone toca insistentemente
não atendo
alguém pergunta por que eu sumi
não respondo

já é tarde e eu só queria dormir

não sumi
não tenho esse poder

hoje eu deveria ter sono
porque ontem já não dormi

o bom de hoje é que nesse vai não vai
descobri umas coisinhas gostosas de ler pra sentir
então
com a palavra
adélia prado


"

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

"

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

"

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quem sou eu?
Digam-me isso primeiro e depois, se eu gostar de ser a tal pessoa, eu subirei: se não, vou ficar aqui até ser outra...



















alice - lewis carroll

domingo, 9 de novembro de 2008


puta show
grandes amigos
bela festa de aniversário essa

feliz

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

por favor
alguém pode segurar as asas dessa mariposa maluca
que se bate aqui dentro

alguém tira ela daqui

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

sempre vai existir um que veio antes
e agora um querendo voltar
não pra síria
mas pra qualquer lugar que seja
atravessar o oceano
viajar pra qualquer lugar
e tentar compartilhar da sensação daquele que veio
o estrangeiro
pisar pela primeira vez numa terra desconhecida
não entender palavra do outro idioma
não entender o código social ali estabelecido
ser quase analfabeto
ou criança

e se dar a conhecer o mundo
ir de uma cidade a outra
de um estado a outro

e se dar a conhecer gente
romeu quando conheceu virgilina
apaixonou
suspirado
ela fez charme
disse que não gostava de bigodes
ele desbigodou

taí
"
Um cronópio encontra uma flor solitária em meio ao campo. Primeiro pensa em arrancá-la, mas pensa que é uma crueldade inútil, se ajoelha perto dela e põe-se a brincar com a flor: acaricia as pétalas, assopra para que a flor dance, zumbe como uma abelha, aspira seu perfume e finalmente se aquieta, deita-se sob a flor e adormece, envolto em uma grande paz.
A flor pensa: “É como uma flor”.
"




quando eu crescer quero ser um cronópio
gracias Cortázar

domingo, 2 de novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

chuva forte e vento fino
a mesma pessoa oscilando

sou essa coisa estranha
que alterna
atualmente entre o bem querer
e o querer mais

a pessoa que escreve
mas esconde
porque no fim das contas
tem medo de se expor demais
e vai se expondo
indefinidamente

será - - -

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leio dinha e meus olhos enchem d'água
será mesmo que somos tão almodóvar assim
carrego um monte de gente aqui dentro
isso às vezes me pesa um pouco
pesam as visitas que não fiz
as despedidas das quais fugi

gosto de gente
de novidade
de alguma coisa que seja mais do que sentar no boteco
ainda que sentada no boteco
o copo de plástico usado que o amaral me deu
o osvaldo me explicando a estatística
o livro que a gente fez pro ivan
aquele menino de cílios compridos me vendo dormir depois da lua imensa em ilhabela

gosto de gente que não tem medo de gente
que vê a diferença como diferença
apenas
não com pontos a menos




divagando em 25-10-08



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acho que caí na minha própria armadilha
só existo pra você quando você me vê
e o mais estranho é que pra mim é um pouco ao contrário
quando estou com você tudo é meio etéreo
fico me perguntando se você está mesmo ali ou se é algum tipo de alucinação

porque existe uma doçura em você
um cuidado
um gelo na minha barriga
uma borboleta
de asas delicadas
uma sensação me invade e diz que o que vejo
na verdade
é criação da minha mente

a tarde de hoje parecia perfeita pra passear
um vento leve e constante
o sol
e você
sempre você
vontade de mais nada

será mesmo que somos parte de um roteiro
que está acabando de ser filmado





sd#final em 27-10-08



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eu não sou eu
nem sou o outro
sou qualquer coisa de intermédio
pilar da ponte de tédio
que vai de mim
para o outro




mário de sá carneiro
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etéreo: 2

:

4. muito miúdo; quase impalpável
5. feito com delicadeza
7. feito com prima arte e delicadeza



_______________________________________________________________


assim
como em guimarães
quase imaginado
uma vez que um ser quase imaginado
entra na minha vida

tudo pára

não há o que prosseguir
a menos que o ser
quase imaginado
queira prosseguir







..

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

chuva fina

dentro do estúdio não dá nem pra saber que clima faz lá fora
quando saí de casa o dia estava abafado e quente
e agora aqui nesse escuro sinto dentro de mim um dia úmido
cheio
achei uma coisa que escrevi anos atrás
e resolvi colocar aqui
talvez porque tenho escutado nick cave
talvez porque continuo sentido saudades e vontade de gente



(um email coletivo pra pessoas que fazem muita falta)



Se eu fosse ao mercado agora encontraria pinhão, aquele tipo de castanha lá do sul.
Poderia até comprar uma erva mate ou um chá, quem sabe até um vinho ou algo que aqueça um pouco esse dia de chuva fina e vento forte.
Poderia ver um filme, ler um livro ou jogar conversa fora.
Mas o que mais encontro agora são lembranças e saudades. Saudades de outros tempos, de outras pessoas, de um pouco de família e um pouco de amigos.
Talvez até de acreditar mais nas coisas e nas pessoas, de ter mais vontade de entrega, de envolvimento.
Agora, mesmo com a chuva fina, talvez eu fosse na "Ponte das capivaras". Talvez eu procurasse algo pra me entorpecer um pouco, pra tentar chegar mais perto do que me faz falta.
Posso entrar numa sala escura e ver um filme e me sentir só, de certa forma, ao ver o filme. Mas mesmo no escuro e na suspensão que um filme pode provocar não consigo estar totalmente só. É como se ao fim da película pudesse ter aquele silêncio necessário mas aquela sensação do outro que tive tantas vezes. E ter o olhar do outro, uma certa cumplicidade. Como se ao sair do mesmo filme, cada um levasse consigo um segredo. Algo que só ele viu, ou sentiu, ou pensou.
E ao olhar nos olhos ainda úmidos, ou brilhantes, ou vazios do outro pudesse se fazer uma confissão. Comentar com cuidado alguma cena. Ter cuidado para não banalizar, ou resumir com um "gostei" ou "não gostei".
Num dia frio e úmido assim, queria pessoas. Várias. Aquelas que pertencem a cada momento diferente, como se cada uma fosse personagem de um livro ou de um filme diferente e eu pudesse juntar todas num só.
E pudesse ter e dar carinho e cumplicidade a cada um. E por alguns momentos ficaria talvez uma coisa sentimental demais, mas que após aquele momento de estranhamento e entrosamento que as pessoas sentem quando ficam muito tempo sem se ver ficaria tudo mais natural e fantástico.
São dos dias cinzas que eu gosto mais. Eles me colocam um pouco mais perto de todos que não estão perto. E dos que estão um pouco mais perto mas estão tão distantes.






Fri, 2 May 2003 15:31:53

sábado, 25 de outubro de 2008

talvez você não acredite
mas é assim que te vejo
uma covinha que indica sorriso
um sorriso que indica tantas outras coisas

às vezes seus olhos não brilham
mas exprimem uma outra urgência
ainda to tentando descobrir que urgência é essa
e às vezes me vejo lá no fundo
atrás dela e do brilho

fui capturada
pelos olhos
pelo buraco de agulha
pela pessoa que inevitavelmente
enche meus olhos
enche todos os meus sentidos

atualmente o sentido de escrever também

acabo escrevendo menos do que queria
medo da repetição
medo de dizer tantas vezes o quanto você importa
e sem querer te fazer desaparecer
uma fotografia perdendo as cores
os grãos
e sobrar só o papel

um papel que te dei
de destaque


daqui pra lá
só uma semana
é o que vejo
é o que nos resta

os dias contados e eu fingindo que não conto

será mesmo que demorei muito
ou será que o medo do que vem é o nosso carrasco

antes
agora

escolhas

sábado, 18 de outubro de 2008

.
.

três anas na esquina
um dia intensamente nublado
dose de realidade
ainda que fantástica

o vendedor de agulhas
alguém pede um cigarro
outro pede só fogo

a muralha da china e um ponto final
ou só um ponto
desenho sobre foto
outra intensa abordagem de realidade

vento frio na nuca
e três anas conversam
ana
ana
de trás pra frente
enio não pode ser ana
enio não existe de trás pra frente

na esquina alguém chega e diz que foi deus quem o mandou
viu aquelas mulheres conversando
vai colocar o nome delas num livro de oração
as três anas
ele disse

o nome dele
dose estranha de realidade num dia nublado
em que a coisa mais intensa era você mesmo sem estar ali
era o mesmo que o seu
era o seu nome num dia em que eu não era eu
ela não perguntou
mas ele disse
e
não tirou os olhos de ana enquanto falava

obrigada
de minha parte conheço mas não quero
acredito em gente
e prefiro assim
ela disse

numa tarde em que tudo era real intenso e nublado
eu também era ana
na esquina

.
.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

pra dinha. porque é dela, e não meu. desculpe por pegar e nunca mais devolver..

hoje amanheceu com neblina
e fazia muito tempo que não era molhado
odeio amanheceres porque fica claro
quando fica escuro não vejo o espelho
daí pensei em furar meus olhos
mas a manhã se desdobrou úmida
numa textura de veludo
que me fez gostar dos meus olhos:
só eles tocam aquilo que
_______________minhas mãos não alcançam.
amanheceu veludo
____mas eu insisto em me enrolar no
arame farpado
necessidade orgânica
dependência química
eu nunca tive um corpo
eu evaporo sempre
o psiquiatra não precisa me convencer,
eu sei
mas ele insiste, e me diz como se fosse
___________________para si mesmo:
__nós não somos nós
__somos um conjunto de reações
______________________físico-químicas.
físico-química. palavrinha cretina
não que isso me reduza
pelo contrário
apenas que palavras separadas por hífen
sempre me pareceram cretinas
não que eu não seja cretina
se eu não fosse
____não precisaria desse exercício de
_________________________palavras
palavras e hifens me cansam
e eu preciso deles
necessidade
dependência orgânica
ele me diz. não precisava
_____________________eu sei
mas ele insiste:
__um homem é apenas
____os cordões umbilicais que corta.
eu nunca tive um corpo
___________________eu sei
mas eu insisto e penso
____em furar meus olhos
____todos os dias em que amanhece
_________________________veludo
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
prolixa
e
disléxica
.
.
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.
.
.
.
.
.
.

uma enxurrada de coisas dos últimos tempos_últimos dias

queria colocar um desenho que não fosse repetido
acho que não desenhei mais
ou não fotografei mais desenhos

- - -



um amor pra mim não pode ser menos do que incrível
me sei pelos outros e não quero saber menos
aos seis anos de idade um menino gritava pelo
pátio da escola que me amava
eu que era tão pequena e calada
um pouco presa nos meus jardins da infância

em meio a bagunça de caixas sacos e roupas
abri uma pasta vermelha com fotos e tirinhas coloridas
e palavras encantadas escritas para mim
a cada dia fica mais difícil conviver com a
presença da ausência
se fosse apenas a ausência
talvez as coisas fossem mais fáceis

as quatro da manhã o seu rosto chegou em mim por sonho
você estava ferido
perdi o sono
não sei se sou eu quem crio situações absurdas
mas não pude ligar pra saber de você
e não sei de você nem agora enquanto escrevo
se você não tivesse que partir assim
antes que o sol nasça
se eu pudesse dormir tranquila enquanto você
dorme ao meu lado
essas palavras teriam um quê de alegria
não só de angústia

outro dia senti teu coração bater apressado
no compasso da minha ansiedade
nunca vou pedir que me escolha
mas nada me impede de torcer por isso

e então as coisas escritas seriam outras
como a delícia de te ter ao acordar


até a rotina teria o seu charme

04_10





o barulho do fósforo sendo riscado é tão complementar ao som das teclas de um aparelho de escrever que deve ser por isso que tantos escritores fumam
o ar noir da meia luz e a fumacinha subindo

fumo quando me vitimizo
sacana isso comigo
com mais ninguém
ao menos desde que comecei a fumar quando estou vítima não chorei mais
melhor assim
não quero derramar lágrimas até que elas saltem sem que eu possa fazer nada

não quero derramar lágrimas porque mesmo caótica sou inteira
sou inteira nesse momento

sei tanto de mim e de minha vontade
me vitimizo porque a decisão foge das minhas mãos
mas seja ela qual for
continuarei inteira
mais ou menos completa

nessa história sempre torci por mim
hoje torço mais
mais ainda
e sempre mais

hoje sei exatamente quem sou e quanto valho
o que não é pouco

não me resta dúvida
cheguei atrasada
mas o projecionista desse filme delicioso que passa quer me deixar entrar


05_10
que inveja verde
verde
roxa
ou rosa

acabei de descobrir um blog
encantador e fascinante
acabei de descobrir uma clarice lispector que eu não conhecia
inveja mais verde ainda

"
Tenho várias caras.
Uma é quase bonita, a outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo...
Não me sinto bem.
Não sei o que é que há.
Mas alguma coisa está errada e dá mal-estar.
No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo
Abro o jogo!
Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza!
"

ela escreve tão bonitinho
ainda bem que eu já gostava dela
senão talvez não gostasse


mentira

gosto de mentir um pouco às vezes

só um pouco

e só às vezes


gosto mesmo é de contar verdades inventadas
as minhas
e às vezes as dos outros

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

.
.
.

nós também sentimos saudades e falta de vc por aqui...
por que vc sempre parece criança, hã?



deve ser porque me sinto assim muitas vezes



é engraçado isto



ontem mesmo eu queria entrar no guarda-roupa e ficar lá até ser resgatada
lembra disso?



claro querida.
hoje catei a casinha das meninas e fiquei brincando...
depois cansei e vim pra casa



q casinha?



casinha de bonecas

.
.
.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

to paralisada
não as mãos
mas alguma coisa aqui dentro

não sei

isso cai bem nesse contexto
não saberemos nunca
talvez

quando ouço os olhos da manhã
me pergunto o quanto você sabia daquela letra
ou o quanto aquela letra sabe de nós

quando penso que o tempo tem uma estranha maneira de existir
dilatando-se ou encurtando-se como lhe convém
fico assustada
e imagino o que tem nessa caixinha de surpresas
talvez nada
talvez muito
uma vida
ou instantes


o tempo só existe quando tentamos medí-lo
li isso hoje
e medindo assim pode parecer pouco
o que se foi
e o que virá

to confusa
hoje seria um dia pra entrar no guarda-roupa e ficar lá quietinha
até que alguém me diga
até que eu saiba
que está tudo bem

terça-feira, 7 de outubro de 2008

o amor, esse sufoco,
agora há pouco era muito,
agora, apenas um sopro
ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos




paulo leminski


e
gracias marquito
cada palavra cola um pedacinho aqui outro ali

segunda-feira, 6 de outubro de 2008




mira: una vaquita de san antonio posó en mi ventana

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

um menino que tem os olhos que brilham assim disse que leu meu blog
penso que daqui pra frente sempre vou pensar que talvez ele leia
e talvez eu tenha receio de escrever qualquer coisa
exercício interessante esse de pensar nos olhos que lerão minhas palavras

to sentindo vontade de voar
como em sonho
correr correr bater os pés no chão e voar
dirigir carros fantásticos de sonho
feitos de papelão madeira e até mesmo de nada

bater os pés no chão e esquiar na neve
com um menino cujos olhos brilham assim

piscar e te ter aqui
piscar de novo e ainda te ter aqui
e pensar que será assim por muito tempo e que esse tempo todo ainda será pouco
pra tanta coisa que temos pra fazer

deitei minha cabeça no seu ombro
falamos de coisas que nos interessam
senti uma plenitude
como se tivéssemos surgido assim
desde sempre você ali e eu com a cabeça no seu ombro

lembrei de hedwig
nossos umbigos descosturando pra depois se unirem
como era no princípio

se eu acreditasse em deus
ou em deuses
diria que fomos separados por capricho de um deles

felizmente eles se descuidaram
e eu vaguei aqui e ali
mudei tantas vezes que já nem me lembro
ainda bem que meu avô era caixeiro viajante
fiquei com um pouco disso pra mim

ainda bem que você não é filho de ciganos
e ficou aqui me esperando

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

tomo emprestado por hoje

Ojalá que las hojas no te toquen el cuerpo cuando caigan
para que no las puedas convertir en cristal.
Ojalá que la lluvia deje de ser milagro que baja por tu cuerpo.
Ojalá que la luna pueda salir sin ti.
Ojalá que la tierra no te bese los pasos.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones

Ojalá que la aurora no de gritos que caigan en mi espalda.
Ojalá que tu nombre se le olvide a esa voz.
Ojalá las paredes no retengan tu ruido de camino cansado.
Ojalá que el deseo se vaya tras de ti,
a tu viejo gobierno de difuntos y flores.

Ojalá se te acabe la mirada constante,
la palabra precisa, la sonrisa perfecta.
Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones

Ojalá pase algo que te borre de pronto:
una luz cegadora, un disparo de nieve.
Ojalá por lo menos que me lleve la muerte,
para no verte tanto, para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones:
ojalá que no pueda tocarte ni en canciones


Silvio Rodriguez - Ojala

sábado, 27 de setembro de 2008

tudo! e você?

tudo
tudo tudo

de vez em quando você pensa em mim? eu penso sempre em você. nas coisas que vejo. nas coisas que queria te mostrar.

sim chuchu, penso
vc é uma pessoa querida, e sempre vai ser bem vindo na
minha vida

eu é que sou um caos

como assim?

meus olhos se enchem d'água às vezes
to sempre feliz e triste, tudo junto. lembro do aluninho da ana dizendo que tem um furacão aqui dentro
e que às vezes dói

pois eu entendo








!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

to viajando
bastante
tá divertido isso
quantas músicas uma pessoa pode ouvir na vida
e quantas vezes ela pode se apaixonar
se apaixonar pela pessoa errada
se é que existe isso

to preparando um compilado de músicas pra uma pessoa legal
meus amigos chamariam de fita-xaveco
talvez seja

porque seus olhos brilham assim

daí esse nome não caberia e nem eu teria coragem de colocar
então pensei no fando e na lis
pensei em tar
e o nome da primeira parte ficou
llegar a tar

nesse processo descobri um blog que pareceu interessante
es imposible llegar a tar

mais uma mudança
mais um caos na papelada
mais um caos aqui dentro
tenho coisas demais
é possível que eu nunca mais leia nada daquilo
e então
por que não jogo fora

pergunta sem resposta

talvez por isso minhas frases não tenham interrogação

sábado, 9 de agosto de 2008

tempo curto curtíssimo
nem sei se escrevo mesmo ou não
as angústias se mantêm semelhantes

bom ouvir música
e pensar nas coisas que não são imediatas-aqui

bom pensar em gente que existe
e gente que não existe

dar oi para um velho amigo
nem tão velho assim
nem tão amigo talvez

talvez ele me odeie até pelo oi
quem sabe um dia eu saiba

quem sabe um dia aquele sujeito da intriga
já não se interesse mais

por mim
c'est fini

sábado, 12 de julho de 2008

a minha impotência e falta de compreensão me dão vontade de chorar nesse mundo maluco
um velho desceu do ônibus usando um rastelo como muleta
eu tava perto da porta e ele me encarou

um pouco por não saber que tipo de reação vem do outro
me habituei a não olhar muito na cara de quem não conheço

ele foi em direção a um menino duns dezesseis anos que tinha acabado de chegar por ali
parecia que se conheciam
e com a mesma naturalidade de quem conversa
o velho bateu com o rastelo na cabeça do menino
mesmo sendo um menino que visivelmente apanha da vida com alguma freqüência
deu pra ver seu espanto
ele atravessou a rua
o sinal abriu
o velho continuou pelo meio dos carros

por trás de um pilar o menino ficou à espreita do velho
já com um pedaço de pau na mão

com os olhos arregalados vi que meu ônibus se aproximava
dei sinal
olhei ainda uma vez na direção deles
e to aqui seguindo meu caminho pro trabalho

qual será a de amanhã?

terça-feira, 24 de junho de 2008

quarta-feira, 28 de maio de 2008

horóscopo

júpiter em capricórnio agita o mar de escorpião
e a cabeça na lua indica que é hora de se recolher e se poupar
encontrar o caminho de volta a si mesmo

ando na rua
vento na cara
passeando pelos cabelos como um carinho
dentro de mim uma tempestade

te vejo em todas as pessoas que olho
mas nunca te vejo aqui perto

ficou uma lacuna
não entre nós
talvez não exista nós
existem nós

sinto falta do que não tivemos tempo de fazer
olho pro lado e te vejo
olho de novo e você nunca esteve
não te conheço
nem sei se existe

fico esperando ser surpreendida




PARTE DOIS


DIAS DEPOIS


que você chegue e me suspenda
e me leve pra qualquer parte

hoje sonhei com a ana de köln
sonhei que eu tava na alemanha
a dinha também tava
perdi hora
não ouvi o relógio

acordei e tava sobre meu lençol listrado
o quarto depois de um furacão
não tava em colônia
nem tinha visto a ana
nem a dinha

acordei e tava tanto na realidade
que perdi o rumo
a primeira pessoa que vi hoje
foi você

estranho porque pensei que eu que tinha te inventado
de perto não era você mesmo
era esse outro que colocaram no teu lugar
que já não me olha direito porque não sabe quem sou eu
me pergunto pra que eu te inventei

quinta-feira, 22 de maio de 2008

tempo escasso
mesmo assim vale o registro
ontem descobri que os talheres ainda vêm nas sementes de caqui
achei uma colher
maninha
queria saber como foi mesmo que a gente descobriu isso

sábado, 17 de maio de 2008


sexta-feira, 16 de maio de 2008

sensacional! em uma palavra só, é isso
merece até um bah
e pra quem estava no rio grande do sul
no inicio dos anos 90 vale um clássico à fuder


o cara é pra casar
eu casaria com ele
wander wildner é o nome


eu gosto de perdedores
tão perdedores que só percebem que eu gostava quando já não gosto mais


ou que só gostam de mim depois que é tarde


eu não consigo ser alegre o tempo inteiro
eu não consigo ser alegre o tempo inteiro


o show foi incrível
fiquei estranhamente feliz com letras que falavam de amores não realizados
acho que só vou ficar feliz assim num show de novo
quando for o calvin johnson
se fosse b-52's também, mas já não seria o mesmo tipo de felicidade


não to comparando
de jeito nenhum
mas fiquei feliz hoje
e acho que esse tipo de deslumbramento
só com can you kiss
ou let's kiss
com let's kiss eu ficaria chorando
apesar de que acho que vou chorar no show inteiro


lembrei hoje do señor coconut
incrível
companhia incrível
de um melhor amigo
entre os melhores amigos da vida


os melhores amigos que tenho na vida
são caras atemporais
são caras que dizem que me amam sempre que estão embriagados
e diriam mesmo que se embriagassem diariamente
ou que não se embriagassem nunca


não é o caso


é só que somos amigos
mesmo


eu também os amo mais quando bebo
na verdade falo mais quando bebo
mas amo sempre

quinta-feira, 15 de maio de 2008

dia cinza

ao anoitecer lilás

os dias têm sido cinza ultimamente e isso me agrada

hoje foi dia de notícia triste

minha irmã disse que não devemos ser egoístas nessas horas

eu disse que o problema mesmo foi eu ter sido egoísta antes

não agora

agora já passou e ficarei devendo para sempre uma visita

já fiz isso antes

cerca de dois anos atrás

mas não deu tempo

o alzheimer chegou antes

e agora repiti o erro pela terceira vez

definitivamente não dá para deixar de ver as pessoas queridas

não dá para deixar de dizer que elas são importantes

eu tento me convencer de que se gosto de alguém esse alguém sabe

então se eu acabar não dizendo

a pessoa vai acabar sabendo

porque afinal nos gostamos

no caso das minhas três avós eu acredito nisso

mas penso até quando vou seguir deixando visitas pendentes

eu te amo pendentes

eu me preocupo com você pendentes

vivi em muitos lugares

me disperso muito

excessivamente às vezes

não sei se isso muda muita coisa

mas sempre penso nas pessoas que passaram pela minha vida

e sou feita pedacinho por pedacinho

de cada uma delas

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"
Se eu, se você gostar de mim... E como saber se é o amor certo, o único? Tanto é o poder errar, nos enganos da vida... Será que você seria capaz de se esquecer de mim, e, assim mesmo depois e depois, sem saber, sem querer, continuar gostando? Como é que a gente sabe?

"



Guimarães Rosa - Nenhum, nenhuma - Primeiras Estórias




sexta-feira, 9 de maio de 2008

e tem música que merece um post


Abrázame y muérdeme
Llévate contigo mís heridas
aviéntame y déjame
Mientras yo contemplo tu partida
En espera de que vuelvas y tal vez vuelvas por mí

Y ya te vas qué me dirás, dirás
Qué poco sabes tú decir

Despídete, ya no estarás
Al menos ten conmigo esa bondad
Te extrañaré no mentiré
Me duele que no estés y tú te vas

Amárrame y muérdeme
Llévate contigo mis heridas
Murmúrame y ládrame
Grita hasta que ya no escuche nada
Sólo ve cómo me quedo aquí esperando a que no estés
En espera de que vuelvas y tal vez vuelvas por mi
En espera de que vuelvas y tal vez vuelvas por mi



Cafe Tacuba - Avientame
eu queria ser sua poesia
o seu ideal de agora e de depois
queria cantar-te em meus versos,
caso fizesse alguns
queria te deixar livre, te deixar solto
e te ver como uma nuvem
uma nuvem, não uma árvore
gosto das árvores, mas gosto muito de ti
assim, flutuando
queria não ser possessiva, e ser
mas com você eu sou uma nuvem
eu passo, mas não fico, nem levo
somos nuvens, nos encontramos e
chovemos, daí somos um, e depois vários,
e então nada...




dez.01

quinta-feira, 8 de maio de 2008

caramba!
eu gostava de colecionar formigas quando era criança, outra hora explico melhor qual era meu objetivo (que em geral acham mórbido...), mas minha mãe acabou de me contar que ela criava ratos!
penso agora em como a vida é circular, e isso é fabuloso. pena que já não posso perguntar à minha vó lucia o que ela criava, ou colecionava.

mas eram ratos mesmo, desses cinzas, nada de ratinhos fofinhos.

a criação acabou quando minha vó descobriu.

aliás, minha mãe acabou de contar mais uma coisa, que eu colecionava aranhas também. disso eu não sabia, na certa pensava que eram formigas maiores.

ando meio saudosista, mas quanto mais lembro dessas coisinhas do passado, mais penso que minha infância foi incrível. vai ver por isso de vez em quando vejo um cronópio por aí. vai ver por isso conto com coisas que me suspendam um pouco.

"
História
Um cronópio pequenininho procurava a chave da porta da rua na mesa-de-cabeceira, a mesa-de-cabeceira no quarto de dormir, o quarto de dormir na casa, a casa na rua. Por aqui parava o cronópio, pois para sair à rua precisava da chave da porta.
"

c'est ça!

quarta-feira, 7 de maio de 2008


tem uma hora na vida do sujeito em que ele precisa dizer "chega". acho que estou nesse momento agora. nos últimos meses tomei decisões muito importantes. comecei e terminei coisas que nem sabia que era capaz.
to encanada com a figura de um rato. um rato dançante. vai ver por isso quis colocar a foto póstuma do sr.alfredo como primeira imagem da sala. sempre achei rato um bicho bacana, bonito mesmo. agora, se for levar em conta a sabedoria popular, basta a conhecida "você é um homem ou um rato?".
- muito embora a humanidade não seja totalmente digna de apreço -
tenho espalhado ratoeiras no porão da minha memória, nas salas escuras que me habitam e em qualquer canto onde possa ter qualquer vestígio dele.
ele passa dançando e desvia das armadilhas, que acabam me prendendo.
o problema é que a maior armadilha eu coloquei pra mim: gostei da idéia de gostar dele.
agora vamos lá, já chega.

terça-feira, 6 de maio de 2008

de qualquer dia atrás, meses atrás

Beatriz demorou uma eternidade pra acabar e eu quase fui tragada por aquela mulher que me olhava no espelho. Era eu/ Era minha mãe, minhas avós, minhas irmãs. Era tanta gente e era só eu, mas não me soube muito bem. Um rosto branco, alvo, olhos redondinhos marrons.
Uns olhos hoje me fitaram e paralisaram, quase não fiz o que tinha que fazer na hora certa, quase fui tragada por esses olhos, castanhos, cativantes, putos. Foi espontâneo, nem sei se é essa a palavra, é porque foi hipnótico, vinha de fora de mim e me paralisou o tempo de um susto.
Agora minhas sinapses mandam a tua imagem à minha memória em flashes, em holograma, em um desenho na retina.

foto do desenhotexto

segunda-feira, 5 de maio de 2008



só consegui postar o alfredo hoje.
faz tempo que to pensando em começar um blog, mas fico com várias dúvidas: anônimo ou não? documental ou ficcional? y más...
mas decidi começar hoje, e deixar pra definir essas coisas enquanto escrevo.
bueno, ainda não sei como funciona isso aqui. vou ver se coloco uma foto. a de estréia eu pretendo que seja do sr. alfredo.
hoje perguntei pro meu pai por que é que a gente gosta de comunicação, passar noites em claro produzindo, barulho de máquinas, cabos, equipe, café e cigarros, fotos...
passei diversas noites em claro já na infância, acompanhando o processo de impressão do jornal que meu pai tinha. fotolito, chapa, papel, essas coisas.

no fim das contas acho que eu não sirvo pra fazer outra coisa. espero fazer bem as coisas que me proponho, mas ser feliz no trabalho é uma grande coisa. as propagandas de colchão dizem "você passa x por cento da sua vida dormindo. escolha um colchão de qualidade". a minha campanha seria: "você passa a maior parte da vida trabalhando, procure fazer o que gosta".