sexta-feira, 10 de outubro de 2008

uma enxurrada de coisas dos últimos tempos_últimos dias

queria colocar um desenho que não fosse repetido
acho que não desenhei mais
ou não fotografei mais desenhos

- - -



um amor pra mim não pode ser menos do que incrível
me sei pelos outros e não quero saber menos
aos seis anos de idade um menino gritava pelo
pátio da escola que me amava
eu que era tão pequena e calada
um pouco presa nos meus jardins da infância

em meio a bagunça de caixas sacos e roupas
abri uma pasta vermelha com fotos e tirinhas coloridas
e palavras encantadas escritas para mim
a cada dia fica mais difícil conviver com a
presença da ausência
se fosse apenas a ausência
talvez as coisas fossem mais fáceis

as quatro da manhã o seu rosto chegou em mim por sonho
você estava ferido
perdi o sono
não sei se sou eu quem crio situações absurdas
mas não pude ligar pra saber de você
e não sei de você nem agora enquanto escrevo
se você não tivesse que partir assim
antes que o sol nasça
se eu pudesse dormir tranquila enquanto você
dorme ao meu lado
essas palavras teriam um quê de alegria
não só de angústia

outro dia senti teu coração bater apressado
no compasso da minha ansiedade
nunca vou pedir que me escolha
mas nada me impede de torcer por isso

e então as coisas escritas seriam outras
como a delícia de te ter ao acordar


até a rotina teria o seu charme

04_10





o barulho do fósforo sendo riscado é tão complementar ao som das teclas de um aparelho de escrever que deve ser por isso que tantos escritores fumam
o ar noir da meia luz e a fumacinha subindo

fumo quando me vitimizo
sacana isso comigo
com mais ninguém
ao menos desde que comecei a fumar quando estou vítima não chorei mais
melhor assim
não quero derramar lágrimas até que elas saltem sem que eu possa fazer nada

não quero derramar lágrimas porque mesmo caótica sou inteira
sou inteira nesse momento

sei tanto de mim e de minha vontade
me vitimizo porque a decisão foge das minhas mãos
mas seja ela qual for
continuarei inteira
mais ou menos completa

nessa história sempre torci por mim
hoje torço mais
mais ainda
e sempre mais

hoje sei exatamente quem sou e quanto valho
o que não é pouco

não me resta dúvida
cheguei atrasada
mas o projecionista desse filme delicioso que passa quer me deixar entrar


05_10

4 comentários:

Daniela S. disse...

Eu também ando desenhando minhas mãos e escrevendo coisas que quando releio parecem auto-ajuda em algumas partes. Meu deus! Estarei ainda apaixonada?

fads disse...

dinha
que saudades daquele envelope vermelho que um dia o andreg colocou na porta
parece que tem tanta paixão e tanto querer

parece que a vida vai ficando mais confusa

medo de auto ajuda

medo de não me saber mais
e de querer me saber demais

dinhazinha
quando você vem me ver, apesar de eu não merecer muito?

Daniela S. disse...

Lembro quando pendurei aquela reprodução das banhistas na porta do banheiro, porque sempre achei que o lugar ideal praquela imagem era uma porta de um banheiro bem pequenininho como aquele.
Depois o André colocou o envelope, porque ele é menos óbvio que eu e por que não poesia e mensagens na porta do banheiro pequenininho.
Apesar de meus estados, saudades daquele tempo. Saudade do meu garoto dos frascos de remédio. Eu passava todos os dias em frente a casa dele e jogava flores, e tudo porque um dia ele quase me beijou, mas eu não deixei, apesar de querer muito, porque ainda estava namorando. Não sei se algum dia ele descobriu que eu que jogava as flores. Não sei se ele está bem.
Saudade de morar com você, o Mozart e a Pri. Saudades de morar com o Osvaldo e sonhar com cavalos negros.

Daniela S. disse...

auto-ajuda
palavras com hífen realmente parecem bem cretinas