segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

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Sinto falta de caminhar 

Pela cidade sem rumo

Descobrir pormenores nas casas

No chão

Nos prédios

No muro


A primeira vez que lá andei

Olhei pro chão

No céu voei

Era um sem número de coloridos azulejos 

Encravados na calçada


Como é que aquela cidade 

Tão imensa e tão concreta

Arrebatou minha mocidade


Sinto falta de sentar 

Aquele cansaço pesado

Depois de um dia a caminhar

Saber que nas próprias pernas

Sou capaz de me sustentar


Sinto falta de saber

Aquilo tudo que eu não sei

Da escrita emparelhadinha

De sonhar 

Cantar

E amar

Rima pobre

Coitadinha


Queria agarrar na palavra

Como num rabo de foguete

Em vez disso ando apressada

Um olho pra fora

O outro pro nada


Vou fugindo sem saber

Fingindo não perceber

Aquilo tudo que eu já sabia

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